Pela primeira vez no ano, resolvi tomar uma decisão que pudesse, possivelmente, surtir um efeito positivo na minha vida. Decidi que meus dias de bunda mole, tecido adiposo recheado e sedentarismo estavam chegando ao fim. Depois de muito pensar e relutar, matriculei-me, enfim, em uma academia.
Estarei nos padrões. Serei uma pessoa com aspecto saudável e feliz.
No primeiro dia eu tava parecendo Pedro Álvares Cabral quando chegou ao Brasil. Perdida e maravilhada com o que via. E, por incrível que pareça, toda vez que inicio esse feito fico assim, sentindo-me como se fosse a primeira vez, pois não me acostumo nunca. Nada parece familiar.
Queria saber como aquelas criaturas conseguem correr em uma esteira por infinitas horas consecutivas, depois pular numa bicicleta e já sair correndo para dar umas pegadas e levantadas em pesos (lê-se no aumentativo) com uma disposição de criança ruim e em uma velocidade maior que a da luz. Para alguns até rola uma “aulinha” de dança, um jump ou mesmo algumas (várias) braçadas na piscina também.
Parece que nunca vou saber qual o segredo deles. Não tenho disposição suficiente para descobrir e tudo que consigo fazer é inversamente proporcional a tudo visto. Prefiro nem descrever e/ou definir meu desempenho aeróbico. Só de pensar já fico ofegante e cansada.
Aquelas bundas são tão duras quanto a minha realidade. E a flacidez das minhas pernas, peitos e coxas (e de todo o resto) só não é maior do que aquela que existe dentro de mim.
Quando saio daquela caixa cheia de músculos, beleza moldada e suor, acabo vendo que ela é pequena demais e que as minhas gorduras localizadas nunca iriam caber ali. Percebo também que o mundo deveria ficar mais largo se quisesse ser proporcional a mim. Ele que teria que mudar. Eu já desisti. Do mundo, da academia, dos moldes e padrões. Talvez seja apenas mais uma semi desistência.
Segundo profecias, ainda existirá muito início sem final feliz, vômitos noturnos, nenhum efeito positivo visível e a continuação de uma vida dura. Mas tudo bem, afinal ela só é dura para quem tem bunda mole, ou seja, apenas para mim.
Todos os outros estarão ilesos na caixinha.
"Mundo velho
E decadente mundo
Ainda não aprendeu
A admirar a beleza
A verdadeira beleza
A beleza que põe mesa
E que deita na cama
A beleza de quem come
A beleza de quem ama
A beleza do erro
Puro do engano
Da imperfeição..."
(Salão de Beleza - Zeca Baleiro)
aiai á Belezaa é belaaa :D
ResponderExcluirBelaa q nem tu amor ; )